IFG: apoio em situações difíceis

Estudantes em situação de desigualdade socioeconômica do Instituto Federal de Goiás têm direito ao acompanhamento psicossocial e pedagógico para promover sua permanência e êxito. Assim determina a Política de Assistência Estudantil (PAE) do IFG, instituída em 2023, por meio da Resolução nº 194 do Conselho Superior (Consup). Ela veio referendar aquilo que já vinha sendo aplicado nos câmpus da Instituição. Para alguns, os auxílios financeiros, o atendimento psicológico e as bolsas disponibilizadas pelo IFG podem não fazer diferença, mas para muitos, estes recursos podem salvar vidas. É o caso do egresso do curso de Licenciatura em Ciências Sociais, Noah de Melo Machado, o entrevistado do quarto episódio da série Por onde anda?.

No décimo quinto ano de vida do Câmpus Formosa, para comemorar, a Coordenação de Comunicação Social (CCS) traz entrevistas que contam os pormenores da vida acadêmica e profissional dos egressos do Câmpus e ressaltam políticas e atuações do IFG na vida de seus estudantes. Assim, nasceu, em abril deste ano, o quadro Por onde anda?, com entrevistas em vídeo para o canal do Câmpus Formosa no YouTube, teaser para redes sociais, matérias jornalísticas para o site do IFG e um álbum de figurinhas digital que abraça alguns egressos que já passaram pelo Câmpus Formosa do IFG.

“O primeiro da família em um universidade, o primeiro mestre da família e, em breve, o primeiro doutor”. Assim se definiu Noah de Melo Machado, em entrevista concedida à CCS, no mês de julho, pelo Google Meet. O cientista social, que agora faz doutorado na Universidade de Campinas (Unicamp), passou pelo câmpus entre 2015 e 2019, concluiu o mestrado na Universidade Estadual Paulista (Unesp) e está em São Paulo, desenvolvendo pesquisa de doutorado sobre alternativas à governança neoliberal, com ênfase em práticas de movimentos sociais de educação popular e justiça socioambiental. Ele é a única pessoa da família a concluir os estudos. No diálogo com a CCS, Noah relembrou as raízes familiares, lutas pessoais e coletivas, experiências na docência e compartilhou planos para o futuro. 

Amparo

De família humilde – pais agricultores migraram do município de Cabeceiras/GO para Formosa, passando a trabalhar na construção civil e no serviço doméstico –, Noah enfrentou algumas adversidades até firmar seu próprio caminho. Sua vida foi marcada por momentos duros, como a perda precoce do irmão mais velho – vítima de violência urbana aos 19 anos –, a falta de recursos, o preconceito por ser não binário, os problemas familiares e a depressão. Morador de bairro periférico e violento, com tráfico de drogas e violência policial, o estudo, para ele, foi a saída, o bem mais precioso incentivado pelos pais, e a leitura, a herança deixada pelo irmão falecido. “Ele foi, mas os cadernos ficaram”, declarou, ao relembrar a importância do irmão mais velho em sua vida.

Com tantos obstáculos enfrentados, o doutorando da Unicamp quase abandonou o curso no IFG, mas decidiu seguir em frente com o apoio de muitas pessoas. Ele fez questão de ressaltar o trabalho da CAE do Câmpus Formosa e de alguns professores que, segundo ele, foram decisivos para a sua saúde mental. “Na CAE eu tive o suporte psicológico desde o primeiro dia. Eu pedi ajuda e a ajuda me foi ofertada”. Também destacou a importância dos auxílios e bolsas para o estudante que não tem recursos. “A bolsa é fundamental para quem é de baixa renda. Significa se ela vai ou não continuar no curso”, salientou.

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“Não esqueço e não escondo minhas raízes, pois fazem parte do meu processo de formação e humanização. Sem esses apoios, encontros, bem como a oportunidade de acessar a estrutura da universidade pública, que contribuiu para o desenvolvimento do meu trabalho como cientista social, tenho consciência de que jamais teria acesso às oportunidades que tive, tampouco concluiria a pós-graduação stricto sensu”, refletiu Noah Machado 

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De acordo com dados levantados pela Coordenação de Assistência Estudantil (CAE) no mês de junho, recebem auxílios financeiros atualmente 281 estudantes do Câmpus, comprovando a importância desta política assistencial.  “A gente sabe que o que a gente tem é muito pouco para auxiliar esses alunos, mas de grande importância. A Política de Assistência Estudantil é muito valiosa, porque ela consegue assegurar muitos direitos para que esse aluno tenha tranquilidade ao longo do processo formativo”, pontuou a assistente social do Câmpus Formosa, Paula Gonçalves Rezende dos Santos.

As bolsas, em muitos casos fundamentais para a permanência no curso, também complementam a renda para que o estudante possa se dedicar ao trabalho acadêmico e até colaborar em casa, como afirma Noah Machado, na entrevista. De acordo com o gerente de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão (Gepex) do Câmpus Formosa, professor Alécio Mattana, “tivemos, ao longo de 2025, relacionado à Iniciação Científica, 18 bolsistas”. Além destes, também há outros 5 estudantes com bolsas de monitoria.

Desta forma, fazendo uso dos recursos que estavam à disposição pelo IFG e demais instituições, Noah finalizou o curso de Ciências Sociais no IFG; ingressou no mestrado, na Unesp; e, antes de concluir, já foi indicado para o doutorado na Unicamp. Agora, ele ministra aulas, e o doutorado pode levá-lo, além de outros Estados do Brasil, a países da Europa, para dar continuidade à pesquisa. Seus projetos também incluem a escrita de artigos e livro. Ele “tem futuro, e não qualquer futuro”.

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“A pausa me possibilitou concluir, porque se você conclui e segue em frente, acontece isso, dez anos depois o pessoal te chama para você falar da sua carreira. Eu fiquei super emocionado, são mais de dez anos de instituição, tem um monte de alunos brilhantes, e que bom que a minha história possa ensinar alguma coisa para alguém também”, declarou.

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A figurinha de hoje é o Noah de Melo Machado.

Assista à entrevista completa em vídeo, disponível no canal IFG - Câmpus Formosa, no YouTube.

Confira aqui o Álbum de Figurinhas e inspire-se!

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*Fotos: Arquivo Pessoal/Noah de Melo Machado

Coordenação de Comunicação Social/Câmpus Formosa